"Nue": dezembro 2007

domingo, dezembro 16, 2007

Retrouver le silênce por me vider de toi…

Existem dores difíceis de pôr em palavras…porque existe um vazio sem medida. Um vazio dentro de nós e aquele à volta.

Existem dores que nos fazem chorar sem parar…mesmo sem querer as lágrimas caem sem que nós queiramos que elas caiam…e elas caem em qualquer momento, em qualquer lugar.

Existem dores que nos paralisam…deixamos de poder pensar, reagir, sentir cada pedaço nosso; deixamos de sentir respirar, e sentimos um aperto tão grande no peito, como se este se prepara-se para rebentar…e o coração…esse vai batendo mas à cadência daquilo que se vai sentindo, dor, raiva, tristeza, desespero, pena, incompreensão, frio, muito frio.

Sentir-se absolutamente à deriva, vulnerável, sem chão, sem estrutura, sem suporte.
Sentir-se suspenso algures…por quando tempo…provavelmente o tempo que durar reconstruir um Estar menos insuportável para atingir um existir mais feliz. O tempo de conseguir dar um primeiro passo…um primeiro passo para a vida.

Existem dores que nos destroem em pequeninas partículas, tão pequeninas, tão minúsculas, que buscá-las uma a uma para nos encontrarmos novamente, transporta-nos para uma dimensão de dor ainda maior…nesse instante, nesse processo de reconstrução do que éramos, percebemos que necessitaremos de um esforço muito maior de nós próprios, que não é fácil porque o esforço implica algum equilíbrio, implica força, perseverança, confiança, vontade de avançar, de viver, de ser!

Penso que uma das piores dores humanas, é perder alguém, perder alguém que já fazia parte de nós…sem deixarmos de ser nós próprios…podemos perder alguém porque a morte repentinamente o levou ou porque simplesmente esse alguém decidiu partir também repentinamente. Em ambas situações existe o sentimento de perda…e na perda definitiva é preciso fazer-se um luto simbólico. E o luto temos que fazê-lo sozinhos…o outro não está mais presente…as respostas às perguntas que nos surgem…temos que respondê-las nós…e respostas? Talvez elas não existam…e para se poder avançar…é preciso respostas…é preciso perceber o que nos aconteceu. As imagens da história que se viveu, onde guardá-las? Onde deixá-las? Ou apenas lembrá-las…lembrá-las com amor…lembrá-las as vezes que forem necessárias, para que um dia, acabem por nos fazer menos mal?

Na perda…existe a perda do outro que tinha um significado forte para nós e existe a perda do casal…aquilo que os dois significavam juntos. Existe então um duplo luto. Tudo deixa de fazer sentido de repente. O amor está em nós, o amor esta em tudo à nossa volta, e o outro deixou de existir para partilhar tudo isso…o amor pelo outro ficou…tudo do outro ficou…e o tudo é muita coisa. E o TUDO relativo ao casal, mais ainda.

…et les pleures suffisent pour adoucir la peur…e aqui estou eu a ouvir ainda os teus passos.


Et maintenant que je vais y faire? Je vais en sorrir pour ne plus pleurer…et puis un soir…dans mon mirroir, je verrai bien, la fin du chemin, pas une fleur et pas de pleures au moment de l’Adieu.