"Nue"

quarta-feira, agosto 02, 2006

Hoje começo com uma frase:

“É mais fácil ao psiquismo humano inventar foguetões com destino à lua, do que aceitar uma separação.”

Maurice Berger

Muitas crianças estão em situação penível devido a uma separação por parte dos pais…uma separação que poderá estar ainda em curso ou então que já se tornou definitiva. Estes pais que estão em ruptura, e portanto em desequilíbrio, deixam os seus filhos à deriva, que se debatem sozinhas, sem perceber o que está a acontecer. Por várias razões, é frequente os pais pensarem que é melhor evitar abordar esta temática com os filhos. Muitas crianças culpam-se pela separação dos pais. Não se deve subestimar aquilo que as crianças percebem, elas sofrem o drama que está a acontecer e assistem ao desmoronar da união entre duas pessoas que elas amam, sentem as agressões que elas se fazem mutuamente e perdem a segurança…perdem o chão. Em consulta, faço o acompanhamento de crianças que estão a viver este tipo de situações e, as manifestações da ansiedade face ao problema que estão a viver, podem ser físicas como emocionais. Fisicamente, por exemplo, as crianças podem perder o apetite, apresentar problemas relativamente à qualidade do sono (pesadelos, dificuldade para adormecer, terrores nocturnos, enurese nocturna, etc.), etc., e emocionalmente, as crianças podem tornar-se menos receptivas, tristes, chorar com facilidade, preferir o isolamento, etc.
É necessário que as crianças possam exprimir o sofrimento e o facto dos pais permitirem que elas falem sobre a situação, permite-lhes atravessar com menos dificuldade o sofrimento e a separação dos pais. Por mais pequenas que elas sejam, falem com elas, dêem-lhes uma razão, não deixem as crianças imaginarem cenários possíveis e culpabilizarem-se muitas vezes por esta ruptura. Por mais terrível que pareça a situação, a criança precisa de sentir que independentemente do que poderá vir a acontecer, ela é amada pelos dois e será sempre amada. Precisa sentir que não vai perder esse amor e que apesar da desunião entre os pais, existirá união inquebrável, aquela entre ela e os pais.

2 Comments:

At quarta-feira, agosto 02, 2006 5:38:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Muito Interessante. Comovente a forma como abranges.
Parabéns!
Dórica

 
At quarta-feira, agosto 02, 2006 10:45:00 da tarde, Blogger RB said...

Tens toda a razão.
As criaças,são as únicas que no meio destas oxilações todas, nada têm de culpa.E cuidado,as crianças aprendem com os pais!

 

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