Hoje vi um menino de 2 anos e meio de idade. Muito doce, terno. Os pais esperavam na sala ao lado, muito afastados um do outro, cada um num canto do sofá. Não se falam há meses. E se porventura têm algo para comunicar um ao outro, fazem-no aos gritos ou então agredindo-se mutuamente. Este menino assiste diariamente a este tipo de cenas. O comportamento dele alterou-se: dificuldades para dormir, pesadelos, falta de apetite, choro frequente, gaguez, etc.
Em consulta, sentaram-se de costas viradas um para o outro…e durante uma hora em que estiveram comigo, mantiveram-se calados a maior parte do tempo e quando falaram, foi somente para se fazerem acusações.
Estes dois seres humanos tiveram uma história juntos, um dia gostaram um do outro e decidiram construir uma família. Tiveram um filho, partilharam momentos lindos com esta criança e, chegaram a este ponto, ao limiar…onde não existe mais diálogo…e onde a única ponte que ainda os une ou parece unir, é este filho que vai dos braços de um para o outro sem perceber o que acontece. E este menino deixou de ver sorrisos entre os pais, deixou de ver carinho entre eles. Este menino deixou de ter estabilidade, segurança. E ninguém lhe explica o que acontece e ele não percebe porque razão os pais se afastaram um do outro…
E estes pais esqueceram-se desta criança, centrados nos seus conflitos e desavenças.
Muitas crianças se responsabilizam muitas vezes pela separação dos pais, pelo conflito entre os pais. Faz-me lembrar uma vez uma menina em consulta, que me disse que se se tivesse portado melhor, os pais ainda estariam juntos. É tão importante explicar às crianças o que se passa à volta delas…dar significado ao que acontece, seja bom ou mau.
Sempre me afligiu a ruptura. O que fica depois de uma ruptura? Muitas vezes o silêncio. Como conseguem coexistir no silêncio duas pessoas que num momento das suas vidas partilharam momentos de tão grande intimidade. Silêncio…depois de tanta cumplicidade. Passar um pelo outro como se dois estranhos se tivessem tornado um para o outro. E quando de uma união, nascem filhos que têm que viver nesse silêncio? Como encontram eles palavras para construírem a sua história?
Em consulta, sentaram-se de costas viradas um para o outro…e durante uma hora em que estiveram comigo, mantiveram-se calados a maior parte do tempo e quando falaram, foi somente para se fazerem acusações.
Estes dois seres humanos tiveram uma história juntos, um dia gostaram um do outro e decidiram construir uma família. Tiveram um filho, partilharam momentos lindos com esta criança e, chegaram a este ponto, ao limiar…onde não existe mais diálogo…e onde a única ponte que ainda os une ou parece unir, é este filho que vai dos braços de um para o outro sem perceber o que acontece. E este menino deixou de ver sorrisos entre os pais, deixou de ver carinho entre eles. Este menino deixou de ter estabilidade, segurança. E ninguém lhe explica o que acontece e ele não percebe porque razão os pais se afastaram um do outro…
E estes pais esqueceram-se desta criança, centrados nos seus conflitos e desavenças.
Muitas crianças se responsabilizam muitas vezes pela separação dos pais, pelo conflito entre os pais. Faz-me lembrar uma vez uma menina em consulta, que me disse que se se tivesse portado melhor, os pais ainda estariam juntos. É tão importante explicar às crianças o que se passa à volta delas…dar significado ao que acontece, seja bom ou mau.
Sempre me afligiu a ruptura. O que fica depois de uma ruptura? Muitas vezes o silêncio. Como conseguem coexistir no silêncio duas pessoas que num momento das suas vidas partilharam momentos de tão grande intimidade. Silêncio…depois de tanta cumplicidade. Passar um pelo outro como se dois estranhos se tivessem tornado um para o outro. E quando de uma união, nascem filhos que têm que viver nesse silêncio? Como encontram eles palavras para construírem a sua história?
3 Comments:
question: que ressent un psychiatre lorsque par l'intermédiaire de faits racontés ou vécus par des patients, il croit percevoir des bribes personnelles?
vim ler-te...
pois claro.
e li tudo!
e volto.
e pronto,
continua,
por todos os motivos,
pq sim.
bejo!
escrever = oxigénio = liberdade
o texto é deveras tocante, e Eu estou tocada, porque infelizmente é a dura realidade que se vive.
Sei muito bem o que é isso. Hoje tenho 24 anos, e apesar de ser adulta ainda confronta-me com essas situaçoes de disputa entre os meus pais. é triste, porque os outrops acabam confundindo-nos com seres insensiveis.
continue, beijinhos
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